Antes, era só, eu.
Até que sem mais, fomos eu e você.
Depois disso, era sempre eu e ela:
a ausência que você deixou.
Que tomou vida própria,
quis fugir de mim inquieta
por outros braços, outros olhos,
um canal qualquer.
Depois cansou.
Foi habitando em mim mesma,
no meu desassossego.
Calou perguntas
que não tinham resposta.
Virou hábito, tomei gosto.
E hoje ela descansa.
Juntas conversamos conversas absurdas
e tomamos chá em dias de muito calor.
Agora deu pra ser possessiva.
Não abre a porta pra estranhos.
Não deixa ninguém se apresentar.
6 comentários:
A verdade é que nos acostumamos a ela. E nessa convivência diária, algumas vezes, parece que ela resolveu vagar por outros cantos. Mas de certo, ela sempre espreita, e de repente se dá ao luxo, de dormir ao nosso lado mais uma vez. E no buraco da cama que ela ocupa, identificamos o vazio dentro do peito, e pode até doer. Mas se damos ao tempo o voto de confiança, mais dia, menos dia, essa outra se aquieta por ai, e quando se dá conta, não sobra mais que uma lembrança boa.
Bonito texto!
Fazer poesia pras coisas comuns ou abstratas é uma arte, e também um desafio, pois dá graça àquilo que normalmente não te dá tanto "prazer" de reparar.
Bela poesia =)
a ausência:
companhia
vazia!
bonito texto!
seus escritos têm um quê de obscuros! bom!
Lindíssimo poema!
Estou feliz por haver
chegado em seu espaço!
Circularei por aqui! : )
Um beijo,
doce de lira
...cuidado
se não ela
te domina...
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