"O direito do Outro à sua estranheza é a única maneira pela qual meu próprio direito pode expressar-se, estabelecer-se e defender-se. É pelo direito do Outro que meu direito se coloca. ‘Ser responsável pelo Outro’ e ‘ser responsável por si mesmo’ vêm a ser a mesma coisa. Escolher as duas coisas e escolhê-las como uma, uma só atitude indivisível, não como duas instâncias correlatas mas separadas, é o significado de reformular a contingência de sina em destino. Chamem a isso como quiserem: camaradagem, identificação imaginativa, empatia; só não podem dizer dessa opção que ela decorre de uma regra ou comando, seja uma injunção da razão, uma norma empiricamente demonstrada pelo conhecimento que busca a verdade, uma ordem de Deus ou um preceito legal.
Por sinal, não há muito o que dizer absolutamente sobre a causa disso. A nova solidariedade do contingente baseia-se no silêncio. Suas esperanças fundam-se em evitar fazer certas perguntas ou procurar certas respostas; satisfaz-se na sua própria contingência e não quer elevar-se ao status de verdade, necessidade ou certeza, sabendo muito bem (ou melhor, sentindo intuitivamente) que não sobreviveria a tal promoção”.
Zygmunt Bauman, em Modernidade e Ambivalência.
5 comentários:
Anda respirando Bauman mesmo
As três últimas linhas é ponto-chave
Zygmunt Bauman sempre adentrar em questões interessantes...
Se tratando de "modernidad" ele é uma fonte interessante!
abraço
Muito Bom!
Bauman realmente sabe das coisas!
Sinto um Bauman deslocado de um contexto maior. Precisaria ler mais para opinar. Precisaria confabular mais para saber o quanto posso concordar com toda uma turma que salienta a idade do pensador/filósofo em questão e também um certo teor reacionário de suas proposições.
pode ser esse o limiar do que se diz humano... e através do afeto. a gente precisa de um outro pra existir. afinal, a diferença nos revela.
mas ainda acredito que, de uma forma geral, a gente só partilhe de um caos em constante acontecimento. e de repente o outro não tenha essa função tão cristã e egoista de ser nós. o que também é maravilhoso. libertador até.
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