segunda-feira, setembro 7

Amor eterno

Era no silêncio que eles construíam a paixão. Não quando conversavam, mas quando calavam e um olhar distante traçava uma linha quase palpável dos olhos ao horizonte. Uma linha em branco pronta para ser preenchida pelas mais fantasiosas conclusões, dando alguma espécie de vida às figuras espectrais que se apresentavam. No auge do egoísmo e vaidade, apaixonaram-se tragicamente pela idéia que teceram um do outro.
No fundo, sabiam que a linha entre os olhos e o horizonte marcava a distância exata entre seus corações. Gostavam do mistério porque não sabiam amar. E, pelo resto de suas vidas, lembrariam sempre um do outro com saudade e pesar, reconhecendo-se mutuamente como signo indefectível de um sonho de amor jamais realizado.

Nenhum comentário: