terça-feira, junho 29
Ela é o que se chama resto até que
domingo, junho 27
o que tem a sua boca?
esse petróleo doce.
chiclete, beijo de fruta.
harmonia de composição.
cimenta minha língua nos vincos
dos seus lábios. sede imensa.
sua saliva enzima catalisadora
acelera meu pulso. sedimenta.
faz argila do meu corpo,
cheiro de terra fresca queimada pelo sol.
o vapor que sobe do solo - sua respiração.
misturada à minha; composto.
melodia. os traços do seu rosto,
linhas que não termino de ler.
versos que faço música.
canto em silêncio a canção
que começa lá dentro, piano.
e transborda, estoura a corda,
sai como um feixe.
dois olhos japoneses
brilhando na madrugada.
quinta-feira, junho 24
Revés da existência
segunda-feira, junho 21
post-it num espelho improvável
mas diante delas
nada que não seja etéreo faz sentido
perdi a eternidade do presente
quero a vida instantânea
a percepção imediata
quero o que for
a beleza do que não foi
inexiste
minh'alma é meu corpo à flor da pele
sexta-feira, junho 18
quarta-feira, junho 16
domingo, junho 13
Respeito aquilo que se oculta
Tem esta imagem que me choca, arrebentar uma tartaruga, meter os dedos nos buracos, romper o casco, noutro dia, sonhei que cavava uma cova e no fundo jazia uma tartaruga apodrecida, a Marta, tartaruga que vivia aqui em casa, depois de velha foi morar em outro lugar, eu tinha um temor secreto de encontrá-la morta no jardim, dentro daquele casco impenetrável, a armadura, ela morta, não importa o quão duro fosse, o casco impenetrável, ela morta, a morte perene, nunca, jamais como sopa de tartaruga, coisa mais canibalesca.